
XX Encontro Nacional da EPFCL-Brasil
A política do corpo
por Antonio Quinet
O título de nosso Encontro Nacional da EPFCL-Brasil se encontra na interseção da psicanálise em intensão com a psicanálise em extensão, ou seja, na continuidade do divã com a pólis – a cidade dos discursos – pois o corpo do sujeito individual é o mesmo do coletivo. A política com a qual cada sujeito lida com seu corpo é o que nos mostra a clínica do divã. Mas a política com a qual a sociedade trata os corpos falantes na sociedade concerne também ao psicanalista.
O Inconsciente é a política, disse Lacan, nos indicando que qualquer política do sujeito relativa a seu corpo inclui o Inconsciente. Isto significa que nosso corpo falante, mais do que biológico, é estruturado pela linguagem, que é “corpo sutil, porém corpo”. O corpo narcísico, imaginário é tomado pelo corpo simbólico, é tomado na cadeia significante e se historiza. O que faz pensar nas políticas do corpo falante nas diferentes estruturas clínicas. A política do recalque da histeria hoje se apresenta desde suas formas clássicas de conversão até suas modalidades contemporâneas de anorexia, bulimia, autoescarificações, etc. A histérica não procura mais a bela alma, e sim a bela forma. A base histérica de toda a neurose faz do corpo um corpo marcado de história – um corpo histoérico. A política de fazer Um do corpo despedaçado na psicose poderia ser uma resposta à pulverização esquizofrênica, ou à mortificação da carne na melancolia. Por outro lado, os fenômenos psicossomáticos se distribuem democraticamente em todas as estruturas clínicas. Em todas as estruturas o corpo é uma mesa de jogo na qual há uma sequência de retorsões significantes ordenadas como um jogo de cartas (Radiofonia), um conflito de interesses. Os corpos são comandados por objetos fora do corpo, que é o retorno do gozo excluído pela incorporação da linguagem: o olhar da pulsão escópica e a voz da pulsão invocante. Olhares e vozes do Outro que dizem ao corpo “sim, és desejável”, ou lançam dardos e impropérios próprios à glutoneria do supereu.
O corpo falante é borromeano: o Imaginário de sua forma e de sua imagem especular está enlaçado com o Simbólico da linguagem e o Real do pulsional através do sinthoma de modo original em cada caso. E a clínica pode responder como se manifestam em relação ao corpo as três modalidades de gozo: fálico, do sentido e Outro gozo.
Hoje o discurso da ciência regula a política estetizante dos corpos fazendo os sujeitos correrem atrás da imagem perdida, da idade perdida, do tempo perdido, escamoteando a política da falta-a-ser, que a psicanálise aponta. Em nossa sociedade escópica, os imperativos sociais forjam o imaginário dos corpos no espelho do Outro, alimentando o discurso capitalista e produzindo belos corpos e monstros apavorantes. E daí pululam academias, cirurgias e dermatologias.
Os corpos sexuados e seus semblantes são assunto de política (e não de ideologia) de gêneros, onde “homem” e “mulher” são polaridades interrogáveis. A anatomia não comanda a partição dos gozos da sexuação (todo fálico e não-todo fálico) do corpo falante. Cada um procura o semblante sexual que mais lhe convém para responder de sua posição sexuada. E sai à rua no embate com os imperativos que a moda dita aos corpos.
Cada um se veste com seu corpo e está sujeito a responder por ele de acordo com as políticas vigentes – corpo sexuado, o corpo com sua cor, o corpo com seus hábitos. É esse o corpo que será julgado, injuriado, perseguido, violentado, exilado e até mesmo assassinado por políticas segregacionistas, sexistas e racistas que, sob o comando da pulsão de morte, catalogam, hierarquizam e eliminam corpos indesejáveis.
A psicanálise aponta que somos todos corpos falantes, dançantes e cantantes. Pois nosso corpo não é feito de biologia, e sim de arte – da arte feita através do Inconsciente-poeta real com seu saber sobre lalíngua. Cada um se fabrica um corpo atrelado à sua letra de sinthoma e assim compõe seu corpoema – tal como Édipo que inscreve sua letra Óidipous no nome e no corpo e claudica sua falta. Lalíngua é o barro do qual foi criado Adão; é a costela da qual Eva foi criada. Lalíngua é o barro e a costela dos quais foram criados ele e ela.
INFORMAÇÕES DO EVENTO
XX ENCONTRO DO FÓRUM DO CAMPO LACANIANO
Data: 11 a 13 de outubro de 2019
Local: Del Mar Hotel - Aracaju
Informações: aracajuencontronacional2019@gmail.com
INSCRIÇÕES E PRAZOS
Até 15 de maio:
Profissional: 250 reais
Estudante*: 125 reais
Até 30 de junho:
Profissional: 300 reais
Estudante*: 150 reais
Até 30 de julho:
Profissional: 360 reais
Estudante*: 180 reais
Até 30 de setembro:
Profissional: 400 reais
Estudante*: 200 reais
No local:
Profissional: 450 reais
Estudante*: 225 reais
Inscrições em grupo:
Para aqueles interessados em se inscrever no evento e que não forem membros é possível realizar inscrições em grupo. Com a inscrição de 10 participantes, adiciona-se uma inscrição gratuita a este grupo. Para maiores informações sobre essa modalidade de inscrição, entre em contato com a secretaria do evento através do e-mail aracajuencontronacional2019@gmail.com.
FORMA DE PAGAMENTO
Faça sua inscrição por depósito ou transferência bancária em nome de AFCL/EPFCL-Brasil. Banco Itaú; CNPJ 03.526.375/0001-88; AG 3239 e CC 24933-1.
Após o pagamento, envie o comprovante e a ficha de cadastro (em anexo) para a secretaria do XX Encontro Nacional através do e-mail aracajuencontronacional2019@gmail.com e aguarde o retorno da secretaria para confirmar sua inscrição.
O cancelamento da inscrição até 20/09/19 prevê a devolução de 80% do valor em questão.
Cordialmente
Comissão de organização do XX Encontro Nacional